Friday, March 25, 2011

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Sunday, March 19, 2006

Parar para mudar

29/07/2003 - 03h02

JOÃO LUIZ VIEIRA
free-lance para a Folha de S.Paulo

Depois de passar duas décadas trabalhando no departamento de RH de grandes empresas, a socióloga Cláudia Chianca Nucci, 48, viu seu nome na lista de cortes da folha de pagamento. Isso, há três anos. Empurrada à força para um sabático, ela descobriu que a parada poderia trazer mais benefícios que prejuízos a sua carreira.

Francesc Guillamet/Divulgação Ferran Adrià Acosta: "Foi o tempo que tirei para organizar meu trabalho de novo. Foi um recomeço"

"A questão da idade complicou minha vida. Durante três meses, ainda tentei arranjar um novo emprego, mas as remunerações eram muito baixas", afirma. "Não sabia para onde ir e decidi buscar o que eu mais gostava de fazer." Ficou um ano e meio remoendo aptidões e, ao final do processo, descobriu que não daria mais expediente diário para ninguém. Viveria de projetos.
Deu tão certo que Cláudia foi convidada para reciclar outros. No caso, professores universitários. "Não tinha qualquer prática de sala de aula, mas aceitei o desafio e descobri outras potencialidades", diz. "Fui em busca do meu prazer." Mesmo sendo um trabalho sazonal, fez as contas e está ganhando mais do que quando trabalhava com carteira assinada.

O sabático não é exatamente uma novidade. Em uma frase, pode-se dizer que é a interrupção da atividade profissional com o propósito de renovação e reciclagem. Sua origem é bíblica. O termo vem do hebraico "shabbath" ou "sabbaticu", em latim, que define o dia semanal de descanso dos judeus, adaptado ao calendário ocidental.

Mas o sabático pode ser bem planejado. O empresário Herbert Steinberg, 47, resolveu parar em 1999. Com uma experiência profissional extensa —que passa pela vice-presidência de recursos humanos do Banespa pós-privatização e pelas diretorias de RH do Citibank e do McDonald's—, Steinberg decidiu, há 4 anos, jogar a agenda para o alto.

O estalo aconteceu pela primeira vez em 1985, quando, em visita de trabalho a uma multinacional em Chicago (EUA), ficou sabendo que um dos executivos que procurava só retornaria ao escritório dali a seis meses por estar em período sabático. "Como assim?", pensou. Interessado, foi atrás de respostas para aquele longo período de afastamento, que não era férias nem licença médica. "Normalmente, as pessoas só tomam atitudes assim em momentos de crise", afirma. "Existe um medo em olhar para si próprio."

Steinberg investiu seu período de reciclagem em uma viagem. "As pessoas sempre arranjam duas desculpas para não parar: falta de tempo e dinheiro", conta. Na volta —o empresário fez a peregrinação de Santiago de Compostela, na Espanha—, escreveu dois livros sobre o assunto: "Sabático Um Tempo para Crescer" e "Um Executivo no Caminho Da Razão ao Coração". "É preciso planejar o sabático, senão pode-se voltar com novos problemas", ensina.

A idéia do período de reciclagem é se afastar da rotina para estudar, trabalhar ou pensar naquilo que gosta para, na volta ao dia-a-dia, reoxigenar a própria vida e a de quase todos ao redor. Assim fizeram o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, 45, que passou o ano de 1995 estudando em Harvard, o ex-candidato à presidência da República José Serra, 61, que está atualmente em Princeton, também estudando, e Luiz Seabra, 61, sócio-fundador da Natura, que garante ser outro depois dos dois sabáticos que viveu. Sim, dois.

Cláudia Chianca Nucci: "Não sabia para onde ir e decidi buscar o que mais gostava de fazer" "O corte no tempo foi um movimento interior", diz Seabra, que está a frente dos negócios da empresa há 35 anos. O tal movimento começou a reverberar quando ele completou 40 anos. "Minha empresa já tinha êxito e uma certa relevância, e percebi, ao mesmo tempo, que precisava reinventar minha alma." Negociada a ausência com as partes interessadas, Seabra definiu os seis meses de afastamento como o momento em que ele teve de "lidar com as questões da existência". Visitou, assim, os lugares que sempre quis conhecer com espírito "desarmado". E leu, leu muito. Sobre tudo.

O segundo período sabático foi em Londres. Seabra acredita que é preciso uma distância geográfica quando se pensa em longas pausas, para desconectar-se por completo. "É um período de amadurecimento, libertário, a busca do sentido para a existência", diz. "Sabático não é coisa de gente de meia-idade, serve a qualquer um que dispõe de meios para garantir a subsistência."
Grandes nomes internacionais também investem no período de reciclagem.

Ferran Adrià Acosta é um chef de cozinha que trabalha muito —de abril a setembro. Nos outros meses, todos os anos, ele se exila para estudar e aprimorar suas habilidades profissionais. Na prática, o chef catalão mais badalado do momento se permite um sabático anual para inventar novas receitas e criar novas combinações gastronômicas. Conhecido como "o desconstrutor", Adrià, 41, comanda a cozinha do restaurante El Bulli há 20 anos. Localizado a 170 km de Barcelona, na Espanha, o empreendimento sofreu sua "revolução gastronômica" quando o chef resolveu parar pela primeira, em 2002. "Foi o tempo que tirei para planejar e organizar todo meu trabalho de novo. Foi um recomeço", disse à Folha de S.Paulo. "Nesse período, pude pensar para onde ir."De um cardápio francês, Adrià redescobriu a gastronomia e voltou com novas receitas, segundo as quais gelatinas e sorvetes podem ser servidos quentes, e caipirinhas e sopas, em estado sólido. Uma fórmula que tem dado certo: para ocupar uma das 45 cadeiras do restaurante, a reserva tem de ser feita com um ano de antecedência.

No Brasil, a maior parte das empresas ainda é conservadora em relação a criar oportunidades de períodos sabáticos para funcionários. As negociações podem durar meses e nem sempre são bem-sucedidas. "O sabático é pouco factível no Brasil", afirma o consultor José Antônio Rosa, 50, que oferece serviços à Manager, uma empresa de recrutamento de empresários, e é autor de 20 livros que tratam de administração de carreira. "Os grandes empresários não gostam dessas novidades", diz.

Para o consultor, a empresa contrata o funcionário para trabalhar em determinada função e quer que a máquina gire. Fora isso, há as conexões com a equipe, que são prejudicadas em períodos sabáticos. "É uma quebra na carreira, um desaquecimento e um risco para quem o contrata."
Rosa defende que o sabático é mais aconselhável para o indivíduo especializado. Ele tem dúvidas quanto ao executivo, "que, como o nome diz, pede ação". Na opinião do consultor, as pessoas mais reflexivas perdem em competitividade. "O mais objetivo pega uma idéia, mobiliza um grupo, lidera e executa. No mundo rápido de hoje, o executivo não pode se sustentar em especulações."

Karin Parodi concorda em parte. Sócia da Career Center, empresa que faz planejamento de carreira para executivos, ela diz que a maioria das queixas dos grandes líderes, hoje, é a falta de tempo para repensar a vida. "Uma coisa é querer, outra é o privilégio de poder se afastar", afirma. Karin não sabe pontuar quantos dos executivos que contatou entraram em sabático, mas estima que cerca de 30% gostariam de poder parar. A certeza é que o planejamento precisa ser feito com antecedência para poder abrir as negociações com todas os interessados. "Acontece mais com gente que quer mudar de área e se dá esse tempo. Alguns chegam a pedir demissão", conta.

Carmem Lúcia Rittner, 57, psicóloga do trabalho da PUC-SP, vê um certo exagero quando se fala de perdas profissionais em períodos sabáticos. "É imprescindível o tempo para a reavaliação, para o entendimento do seu ambiente, do momento e da transformação da sociedade e da empresa", diz. "A partir daí, estabelece-se um plano de autodesenvolvimento, de meta pessoal."
Para a psicóloga, "refletindo, o profissional se posiciona melhor e agrega mais interesses". "Às vezes, ser rápido pode atrair decisões equivocadas. Necessário é mesclar ação e reflexão, o que quer dizer, em suma, maturidade e equilíbrio." Para Lúcia, portanto, a empresa só teria a lucrar com iniciativas como essa a curto e médio prazos.

Fusão é caso típico de corte anunciado

São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nenhuma empresa precisa de dois gerentes de RH ou de dois diretores financeiros. Não é à toa que, durante um processo de fusão, funcionários imaginem que estão com a cabeça a prêmio."Uma fusão é a oportunidade para substituir quem não está mais correspondendo às expectativas", explica a consultora Cássia Royo, da KPMG Consulting.E, no meio desse processo, alguns profissionais podem sentir que seu perfil não é adequado à nova corporação ou que a empresa não corresponde mais às suas expectativas profissionais.Quase dez anos atrás, o executivo Guilherme Saccomani, 35, tratou de se antecipar quando percebeu que seu planejamento de carreira poderia ficar comprometido. A rede de franquias em que trabalhava se fundiu a uma outra e os principais executivos da empresa foram substituídos. "Houve um choque cultural. A situação ficou indefinida", afirma Saccomani, que decidiu pedir demissão.A gerente de RH Andrea Krug, 39, foi outra que deixou a empresa após a fusão. "Disse ao meu chefe que não tinha interesse em continuar se minhas funções permanecessem paralisadas", lembra.Para o consultor Felipe Assumpção, da A2Z Consultores, as empresas devem manter os bons profissionais em momentos de crise ou de transição, pois sabem que precisarão deles mais adiante. "Mas nem sempre vale a pena arriscar. Ficar com a situação indefinida, além de gerar estresse, pode estagnar a carreira", pondera.O coordenador financeiro Douglas Amorim já se considera perito em sobreviver a fusões, após passar por duas. Na primeira, mudou-se para outro banco logo que algumas de suas tarefas foram suspensas. Na segunda, bastou o anúncio da venda para abandonar o barco -o comprador tinha uma agência em frente àquela em que ele era gerente."Imaginei que seria questão de semanas até que a agência fosse fechada, o que de fato aconteceu."Cássia Royo, da KPMG, explica que a tendência é os funcionários da controladora assumirem os principais postos, por já conhecerem a estrutura da companhia."Quando as trocas começam, o funcionário precisa se mexer. Ele deve ser capaz de avaliar se está adequado às novas funções ou, se for o caso, buscar uma recolocação fora dali." (RAP)

Comunidade virtual LinkedIn atrai consultores de RH, empresas e pessoas à procura de oportunidades

São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

SUA CARREIRA

Site amplia rede de contatos profissionais
CLOVIS CASTELO JUNIORCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na esteira dos sites de relacionamento -entre os quais o Orkut é o exemplo mais famoso-, começam a surgir páginas eletrônicas que podem ser úteis para quem está à procura de um emprego.O mais ativo atualmente é a comunidade virtual LinkedIn (www.linkedin.com), que traz oportunidades principalmente para quem tem nível superior.O Brasil já ocupa a segunda posição entre os países participantes, com mais de 78 mil profissionais. Atrás apenas dos Estados Unidos e na frente de Reino Unido, França e Países Baixos.Para o professor da FGV Management (da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro) Luiz Sakuda, a comunidade é útil por permitir a construção de uma cadeia de recomendações. "Bons contatos podem acontecer, afinal, já existe um vínculo de confiança", explica. Assim como no Orkut, novos usuários do LinkedIn precisam ser convidados por membros da comunidade.O gerente de logística da Hewlett Packard, Rafael Vieira, 36, conta que conseguiu sua atual colocação por meio do site. "Candidatei-me e em duas semanas recebi um contato." Pouco depois de um mês de avaliações e entrevistas, Vieira foi contratado.Já Alexandre Ferro, 32, gerente de projetos de um banco, utilizou a comunidade para ajudar um amigo a obter um novo emprego. "Em dois meses, ele estava em uma multinacional", diz Ferro.Os convites vêm, inclusive, de outros países. "Recebi propostas da Colômbia e da Inglaterra", exemplifica Fábio Schmidt, 36, diretor da UTStarcom do Brasil.

HeadhuntersDo outro lado do balcão, o perfil dos participantes também tem atraído os consultores responsáveis pela busca de candidatos."Acesso um banco de dados com profissionais de alto nível", afirma Roberta Giuliano, 30, da Passarelli Consultores.A diretora da Ideea Executive Search, Haidée Jacob, 36, concorda: "É possível fazer uma busca específica usando vários filtros até chegar ao perfil desejado".De acordo com Bruno Guiçardi Neto, 33, sócio da Ci&T Software, a vantagem é poder selecionar candidatos ao receber indicações e referências de confiança. "Evitamos os "pára-quedistas'", destaca Guiçardi, que diz ter contratado mais de dez pessoas pela página eletrônica nos últimos meses.

Perfil adequadoApesar do otimismo, não terão chances os profissionais que não tomarem precauções na hora de preencher seu cadastro, avisam os consultores. Devem estar evidentes dados como experiência, área de atuação, cargos destacados em empresas reconhecidas e, sobretudo, os resultados alcançados.Tudo isso precisa ser exposto de forma objetiva e concisa, usando palavras-chave para facilitar a localização pelos mecanismos de busca do site. Adicionalmente, escrever em inglês é essencial para não perder oportunidades."O profissional será avaliado tanto por sua capacidade de síntese como por sua habilidade com línguas", explica Liliane Veinert, superintendente-executiva de recursos humanos do BankBoston.

Saturday, February 25, 2006

Fiel acha na igreja salvação para desemprego

Entidades religiosas captam milhares de vagas e capacitam profissionais à procura de oportunidades

RAQUEL BOCATODA REPORTAGEM LOCAL (Folha de S. Paulo)

Editoria: EMPREGOS Página: 2
Edição: São Paulo Sep 4, 2005

Centrais de empregos, agências de recursos humanos e contatos com ex-empregadores são paradas obrigatórias na trilha que leva a uma recolocação profissional. No meio desse caminho, uma outra opção desponta: núcleos criados por igrejas para fazer a ponte entre os candidatos e as empresas.

Todos oferecem vagas, abertas por empregadores da região, ou cursos profissionalizantes gratuitos (veja quadro na pág. 3).É o caso dos Ceats (Centros de Atendimento ao Trabalhador), criados pela Igreja Católica em 2003. Com seis unidades na capital paulista, computaram a intermediação de cerca de 9.000 pessoas somente no ano passado.

A meta para 2005 é mais ambiciosa. "Pretendemos conseguir trabalho para 19 mil desempregados", assinala o padre Licio de Araújo Vale, diretor-administrativo dos Ceats. Segundo ele, 55% dos que procuram a entidade são mulheres de 19 a 29 anos que estão há três anos sem ocupação.

Além de ter uma equipe para a captação de vagas, os Ceats adotaram uma metodologia canadense batizada de "Time do Emprego". Uma vez por semana, 30 desempregados participam de aulas de capacitação. Nos outros dias, por quatro meses, cada um sai à busca de uma vaga para um dos colegas."Como estão empenhados em ajudar a si e aos amigos do grupo, o índice de empregabilidade da turma é de 70%", diz Vale.

De Bíblia nas mãos

No ano passado foram 5.000 desempregados que comemoraram o carimbo na carteira de trabalho. Para 2005, a mórmon Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que mantém o SRE (Serviços de Recursos de Empregos), calcula em 6.000 o número de pessoas encaminhadas a vagas.

O trabalho existe no Brasil há mais de 20 anos, mas, segundo o gerente do SRE, Marco Aurélio Porto, "a estruturação do atendimento começou em 2000 devido ao aumento do desemprego". A entidade também oferece cursos de idioma, empreendedorismo, planejamento de carreira e comportamento em entrevistas.

Há casos em que o patrão se vê estimulado com o desempenho de quem é indicado pela igreja. Foi o que aconteceu na Barsa: um ex-missionário designado para ser vendedor mostrou resultado tão positivo que agora a empresa prefere os antigos pregadores.

"Falar sobre religião é mais difícil do que sobre livros", argumenta Lindalva Medeiros dos Anjos, gerente comercial da empresa.

Que o diga Anthony Orteney, 34, contratado há dez dias. "O vendedor deve ter habilidade para ser comunicativo e trabalhar com metas, e os missionários têm muita experiência nessa área."

Por que é fundamental ter um projeto de carreira?

*Antonio Sorbara Jr.
(http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/)

A utilização de metáforas é uma ferramenta poderosa para a exploração de assuntos sob diversos pontos de vista e uma das metáforas mais conhecidas em administração é aquela que interpreta as empresas como organismos vivos. Mas não seria legítimo invocar a metáfora oposta, de que indivíduos podem ser explorados através das lentes empresariais?Penso que sim, pelo menos no que se refere a planejamento. Já se conhece à exaustão a necessidade que as empresas têm de planejar. É através da execução do planejamento estratégico que as empresas concebem novas idéias, identificam as competências a serem desenvolvidas, traçam objetivos audaciosos, definem os papéis das pessoas na organização, dão sentido ao que os colaboradores fazem.

O negócio, visão, missão, valores e estratégia ganha tangibilidade através das metas e sub-metas desdobradas nas diversas unidades e departamentos. A organização faz um exercício de imaginação, se projeta no futuro, considera as influências e restrições do mercado, faz previsões, compatibiliza com as exigências dos investidores e finalmente inicia os projetos que dão vida ao planejamento. A tradução para o Homem no contexto profissional é clara. Saber onde quer chegar e como fazer para lá estar demanda empenho pessoal de planejamento. Esse já poderia ser um ótimo argumento para que todo indivíduo invista tempo (ainda que tempo signifique dinheiro) no planejamento de sua carreira, mas gostaria de levantar outros dois acredito que menos debatidos. O primeiro é que as empresas em geral são "craques" em planejamento.
Planeja-se de tudo, ainda que pouco se concretize. A demanda futura, os processos produtivos, a nova estrutura logística, o moderno sistema de gestão, a mais eficiente gestão financeira e assim por diante até chegarmos às pessoas que fazem parte da organização. A questão é que se o indivíduo não tem um plano para sua carreira, pode estar certo que a empresa o terá! Seja esse plano deliberado ou contingente, não cabe discussão aqui, o importante é que esse plano existirá e será implementado. E isso é preocupante, pois os interesses são freqüentemente antagônicos. Enquanto um quer polivalência o outro deseja especialização, um quer mobilidade o outro preza a estaticidade, um quer conforto o outro dedicação, um quer bônus e mais tempo com a família enquanto o outro quer mais produtividade e contenção de gastos. As pessoas precisam tomar as rédeas da própria carreira, pois se não o fizerem ficarão à mercê dos "egos organizacionais" ou seja, da vontade das empresas(1).

Outro argumento é que o plano de carreira é fundamental para o indivíduo ser feliz. A necessidade de planejamento de carreira está relacionada com o fato de que passamos cada vez mais tempo em atividades profissionais. Já há muito a quantidade de tempo despendido em atividades profissionais supera o tempo despendido em atividades ditas mais prazerosas (será mesmo que um dia isso foi diferente?) e se não há perspectivas concretas de que essa situação venha se alterar substancialmente no futuro plausível então temos que tratar de tornar a atividade profissional o mais próximo possível de uma atividade prazerosa. Como pode um indivíduo encontrar prazer na atividade profissional? Ainda que para alguns pareça não haver tal resposta, pessoalmente acredito que o planejamento de carreira pode fazer muito por encontrá-la.

É através do planejamento deliberado e consciente de carreira que nos pomos a pensar sobre o que fomos, o que somos e o que queremos ser. Verificamos nossas competências, nossos sucessos e insucessos, bons e maus resultados, aprendemos, crescemos, enfim. É através dessa atividade de pensar em nós mesmos que buscamos e encontramos significados para os objetos, fatos e pessoas ao nosso redor, vamos atrás daquilo que nos motiva, que nos dá prazer, que nos traz realização, que nos faz sentir importantes, úteis, encontramos significado para a vida. Por isso afirmo, o plano de carreira é fundamental porque através dele damos um passo adiante no auto-conhecimento, essencial para a felicidade(2).
__________________________
1- Vê-se aqui como a imagem da empresa como organismo vivo está impregnada até mesmo no léxico cotidiano. Empresas não têm vontade própria, mas sim as pessoas a compõem.2- Apenas para fazer um contraponto: "Qualquer passo em direção ao auto-conhecimento é uma má notícia", frase proferida por Antonio Abujamra, ator, diretor e crítico de teatro, apresentador do programa "Provocações", TV Cultura em 23/11/2003.

*Antonio Sorbara Jr., engenheiro de Produção pela UFSCar - SP, e mestre em Administração de Empresas pela EAESP-FGV. Email: asorbara@gvmail.br

Planeje sua carreira com inteligência

Subestimar o planejamento, procrastinar sua elaboração e adiar sua implementação é programar o próprio fracasso

Por Gutemberg B. de Macêdo (http://vocesa.abril.uol.com.br)

"Ao preparar-me para as batalhas, sempre percebi que planos são inúteis, mas o planejamento é indispensável."
Dwight D. Eisenhower (1890-1969)

A imprevisibilidade da vida, a temporariedade da carreira, a impermanência de negócios e de tecnologias no mundo moderno exigem de todos os "players", sem distinção, rigoroso e meticuloso planejamento de curto, médio e longo prazo. Subestimar a importância do planejamento, procrastinar sua elaboração e adiar sua implementação, sob a justificativa de que se está à espera de tempos melhores ou mais convenientes, do fator sorte ou de qualquer outro álibi, é programar o próprio fracasso em todas as esferas da vida – pessoal, familiar, financeira e profissional.

No mundo das organizações parece inquestionável: raros, ou mesmo raríssimos, são os profissionais que investem tempo, energia, esforço, pensamento crítico e massa encefálica no planejamento de sua carreira. Em geral, os indivíduos se comportam como se as organizações tivessem a responsabilidade única e exclusiva pelo planejamento de carreira de seus colaboradores, como se o mundo lhes devesse qualquer obrigação. Nada mais enganoso e triste. Cada profissional é agente único e responsável pelo planejamento e gestão do próprio destino e, conseqüentemente, da própria carreira. O mandamento divino é claro: “Domine o homem sobre todas as coisas”. Portanto, procrastinar o planejamento da carreira pessoal e confiar sua gestão a terceiros, como temos repetido inúmeras vezes, em artigos anteriores, é viver sob a dependência de circunstâncias e acontecimentos e não administrá-las com sabedoria e eficácia.

Como especialista em Outplacement, Career Counseling e Coaching Executivo, tenho observado e constatado que noventa e sete por cento dos profissionais, empregados ou em transição de carreira, jamais leram um livro, um único livro sequer, sobre planejamento de carreira. Eles se conduzem como verdadeiros cegos, que se movimentam errantes por ruas e avenidas congestionadas, tateando como que sem rumo, em flagrante desvantagem perante os demais transeuntes. Apesar das limitações impostas pela natureza, estes têm sensibilidade aguçada para superar obstáculos e perseguir com determinação seus objetivos. Aqueles, apesar de privilegiados pelo dom da visão, parecem sofrer de cegueira interior ou, no mínimo, de miopia crônica que compromete o percurso da própria carreira. Cegos funcionais não têm um mapa que os oriente ao longo do caminho e, muito menos, as ferramentas essenciais de que necessitam para empreender uma viagem relativamente segura. Portanto, encontram-se totalmente despreparados e vulneráveis a adversidades e ameaças ao longo de sua mais importante expedição de vida – a carreira.

Não raro, fico perplexo diante de tamanha ignorância e da irresponsabilidade com que tratam a vida e, principalmente, a própria carreira. Tal comportamento é paradoxal e inaceitável, visto que esses mesmos profissionais gastam grande parte do tempo planejando as atividades do departamento que gerenciam ou do negócio que administram. Afinal, o que é mais importante, a vida e a carreira ou o negócio em si? A resposta é óbvia: só pode ser a vida e a carreira.

Sabemos por experiência, observação e estudo que não existem negócios bem-sucedidos sem profissionais bem-sucedidos, negócios estáveis, sem homens de mentes e comportamentos estáveis, negócios e carreiras duradouros sem planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo. Quando indagados sobre como planejaram ou planejam o curso de sua carreira, como escolheram a profissão, qual o futuro de sua atividade profissional, que planos alternativos têm diante da ameaça de possível pane ao longo do vôo, de que maneira estão se preparando para o amanhã, quais as mais importantes ameaças a seu futuro profissional, quais os livros mais importantes que leram sobre o assunto, que pessoas os influenciaram ao longo do caminho, quantas vezes procuraram, por iniciativa própria, um consultor de carreira, a fim de obter orientação, que metodologia usam, a fim de aferir o progresso de sua carreira, entre tantas e tantas outras perguntas relevantes, as respostas obtidas são quase sempre decepcionantes, vazias e desprovidas de conteúdo convincente.

Essas perguntas soam-lhes como ameaças, não como oportunidade para reflexão e estabelecimento de uma linha consistente de ação. A maioria, portanto, considera preferível ignorá-las ou arremessá-las a um lugar distante. Em curto prazo, trata-se de uma saída, aparentemente, menos dolorosa. Em médio e longo prazos, as conseqüências poderão ser extremamente danosas. Não custa enfatizar: pouco importa quão talentoso e habilidoso seja o profissional – homem ou mulher –, nenhuma corporação, instituto, fundação ou qualquer outra entidade vai prepará-lo para alcançar o sucesso pessoal e profissional. Cada qual tem de percorrer todas as etapas de vida e carreira por si mesmo. Você tem de assumir a responsabilidade pelo planejamento e gerenciamento de sua carreira. Essa é uma jornada solitária: somente você pode vivenciá-la, encurtá-la ou expandi-la, a despeito do ambiente onde a empreende.

A sociedade e as organizações modernas são por demais complexas e imprevisíveis para que profissionais releguem a terceiro ou quinto plano seu planejamento de vida e carreira. No meu trabalho, tenho acompanhado com tristeza, o pôr-do-sol prematuro de centenas e centenas de profissionais, simplesmente, porque pensaram que o planejamento é algo apenas para ser feito pelas empresas e não por eles mesmos. Se o sucesso de um empreendimento é extremamente difícil, a despeito de meticuloso planejamento, imagine não fazê-lo.

Monday, February 06, 2006

Planeje sempre sua carreira.

Engana-se aquele que não acha necessário planejar sua carreira. Se cada um de nós não dedicar um tempo a essa atividade, ninguém irá fazer isso pela gente.