Sunday, March 19, 2006

Fusão é caso típico de corte anunciado

São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nenhuma empresa precisa de dois gerentes de RH ou de dois diretores financeiros. Não é à toa que, durante um processo de fusão, funcionários imaginem que estão com a cabeça a prêmio."Uma fusão é a oportunidade para substituir quem não está mais correspondendo às expectativas", explica a consultora Cássia Royo, da KPMG Consulting.E, no meio desse processo, alguns profissionais podem sentir que seu perfil não é adequado à nova corporação ou que a empresa não corresponde mais às suas expectativas profissionais.Quase dez anos atrás, o executivo Guilherme Saccomani, 35, tratou de se antecipar quando percebeu que seu planejamento de carreira poderia ficar comprometido. A rede de franquias em que trabalhava se fundiu a uma outra e os principais executivos da empresa foram substituídos. "Houve um choque cultural. A situação ficou indefinida", afirma Saccomani, que decidiu pedir demissão.A gerente de RH Andrea Krug, 39, foi outra que deixou a empresa após a fusão. "Disse ao meu chefe que não tinha interesse em continuar se minhas funções permanecessem paralisadas", lembra.Para o consultor Felipe Assumpção, da A2Z Consultores, as empresas devem manter os bons profissionais em momentos de crise ou de transição, pois sabem que precisarão deles mais adiante. "Mas nem sempre vale a pena arriscar. Ficar com a situação indefinida, além de gerar estresse, pode estagnar a carreira", pondera.O coordenador financeiro Douglas Amorim já se considera perito em sobreviver a fusões, após passar por duas. Na primeira, mudou-se para outro banco logo que algumas de suas tarefas foram suspensas. Na segunda, bastou o anúncio da venda para abandonar o barco -o comprador tinha uma agência em frente àquela em que ele era gerente."Imaginei que seria questão de semanas até que a agência fosse fechada, o que de fato aconteceu."Cássia Royo, da KPMG, explica que a tendência é os funcionários da controladora assumirem os principais postos, por já conhecerem a estrutura da companhia."Quando as trocas começam, o funcionário precisa se mexer. Ele deve ser capaz de avaliar se está adequado às novas funções ou, se for o caso, buscar uma recolocação fora dali." (RAP)

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