Saturday, February 25, 2006

Fiel acha na igreja salvação para desemprego

Entidades religiosas captam milhares de vagas e capacitam profissionais à procura de oportunidades

RAQUEL BOCATODA REPORTAGEM LOCAL (Folha de S. Paulo)

Editoria: EMPREGOS Página: 2
Edição: São Paulo Sep 4, 2005

Centrais de empregos, agências de recursos humanos e contatos com ex-empregadores são paradas obrigatórias na trilha que leva a uma recolocação profissional. No meio desse caminho, uma outra opção desponta: núcleos criados por igrejas para fazer a ponte entre os candidatos e as empresas.

Todos oferecem vagas, abertas por empregadores da região, ou cursos profissionalizantes gratuitos (veja quadro na pág. 3).É o caso dos Ceats (Centros de Atendimento ao Trabalhador), criados pela Igreja Católica em 2003. Com seis unidades na capital paulista, computaram a intermediação de cerca de 9.000 pessoas somente no ano passado.

A meta para 2005 é mais ambiciosa. "Pretendemos conseguir trabalho para 19 mil desempregados", assinala o padre Licio de Araújo Vale, diretor-administrativo dos Ceats. Segundo ele, 55% dos que procuram a entidade são mulheres de 19 a 29 anos que estão há três anos sem ocupação.

Além de ter uma equipe para a captação de vagas, os Ceats adotaram uma metodologia canadense batizada de "Time do Emprego". Uma vez por semana, 30 desempregados participam de aulas de capacitação. Nos outros dias, por quatro meses, cada um sai à busca de uma vaga para um dos colegas."Como estão empenhados em ajudar a si e aos amigos do grupo, o índice de empregabilidade da turma é de 70%", diz Vale.

De Bíblia nas mãos

No ano passado foram 5.000 desempregados que comemoraram o carimbo na carteira de trabalho. Para 2005, a mórmon Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que mantém o SRE (Serviços de Recursos de Empregos), calcula em 6.000 o número de pessoas encaminhadas a vagas.

O trabalho existe no Brasil há mais de 20 anos, mas, segundo o gerente do SRE, Marco Aurélio Porto, "a estruturação do atendimento começou em 2000 devido ao aumento do desemprego". A entidade também oferece cursos de idioma, empreendedorismo, planejamento de carreira e comportamento em entrevistas.

Há casos em que o patrão se vê estimulado com o desempenho de quem é indicado pela igreja. Foi o que aconteceu na Barsa: um ex-missionário designado para ser vendedor mostrou resultado tão positivo que agora a empresa prefere os antigos pregadores.

"Falar sobre religião é mais difícil do que sobre livros", argumenta Lindalva Medeiros dos Anjos, gerente comercial da empresa.

Que o diga Anthony Orteney, 34, contratado há dez dias. "O vendedor deve ter habilidade para ser comunicativo e trabalhar com metas, e os missionários têm muita experiência nessa área."

Por que é fundamental ter um projeto de carreira?

*Antonio Sorbara Jr.
(http://www2.uol.com.br/canalexecutivo/)

A utilização de metáforas é uma ferramenta poderosa para a exploração de assuntos sob diversos pontos de vista e uma das metáforas mais conhecidas em administração é aquela que interpreta as empresas como organismos vivos. Mas não seria legítimo invocar a metáfora oposta, de que indivíduos podem ser explorados através das lentes empresariais?Penso que sim, pelo menos no que se refere a planejamento. Já se conhece à exaustão a necessidade que as empresas têm de planejar. É através da execução do planejamento estratégico que as empresas concebem novas idéias, identificam as competências a serem desenvolvidas, traçam objetivos audaciosos, definem os papéis das pessoas na organização, dão sentido ao que os colaboradores fazem.

O negócio, visão, missão, valores e estratégia ganha tangibilidade através das metas e sub-metas desdobradas nas diversas unidades e departamentos. A organização faz um exercício de imaginação, se projeta no futuro, considera as influências e restrições do mercado, faz previsões, compatibiliza com as exigências dos investidores e finalmente inicia os projetos que dão vida ao planejamento. A tradução para o Homem no contexto profissional é clara. Saber onde quer chegar e como fazer para lá estar demanda empenho pessoal de planejamento. Esse já poderia ser um ótimo argumento para que todo indivíduo invista tempo (ainda que tempo signifique dinheiro) no planejamento de sua carreira, mas gostaria de levantar outros dois acredito que menos debatidos. O primeiro é que as empresas em geral são "craques" em planejamento.
Planeja-se de tudo, ainda que pouco se concretize. A demanda futura, os processos produtivos, a nova estrutura logística, o moderno sistema de gestão, a mais eficiente gestão financeira e assim por diante até chegarmos às pessoas que fazem parte da organização. A questão é que se o indivíduo não tem um plano para sua carreira, pode estar certo que a empresa o terá! Seja esse plano deliberado ou contingente, não cabe discussão aqui, o importante é que esse plano existirá e será implementado. E isso é preocupante, pois os interesses são freqüentemente antagônicos. Enquanto um quer polivalência o outro deseja especialização, um quer mobilidade o outro preza a estaticidade, um quer conforto o outro dedicação, um quer bônus e mais tempo com a família enquanto o outro quer mais produtividade e contenção de gastos. As pessoas precisam tomar as rédeas da própria carreira, pois se não o fizerem ficarão à mercê dos "egos organizacionais" ou seja, da vontade das empresas(1).

Outro argumento é que o plano de carreira é fundamental para o indivíduo ser feliz. A necessidade de planejamento de carreira está relacionada com o fato de que passamos cada vez mais tempo em atividades profissionais. Já há muito a quantidade de tempo despendido em atividades profissionais supera o tempo despendido em atividades ditas mais prazerosas (será mesmo que um dia isso foi diferente?) e se não há perspectivas concretas de que essa situação venha se alterar substancialmente no futuro plausível então temos que tratar de tornar a atividade profissional o mais próximo possível de uma atividade prazerosa. Como pode um indivíduo encontrar prazer na atividade profissional? Ainda que para alguns pareça não haver tal resposta, pessoalmente acredito que o planejamento de carreira pode fazer muito por encontrá-la.

É através do planejamento deliberado e consciente de carreira que nos pomos a pensar sobre o que fomos, o que somos e o que queremos ser. Verificamos nossas competências, nossos sucessos e insucessos, bons e maus resultados, aprendemos, crescemos, enfim. É através dessa atividade de pensar em nós mesmos que buscamos e encontramos significados para os objetos, fatos e pessoas ao nosso redor, vamos atrás daquilo que nos motiva, que nos dá prazer, que nos traz realização, que nos faz sentir importantes, úteis, encontramos significado para a vida. Por isso afirmo, o plano de carreira é fundamental porque através dele damos um passo adiante no auto-conhecimento, essencial para a felicidade(2).
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1- Vê-se aqui como a imagem da empresa como organismo vivo está impregnada até mesmo no léxico cotidiano. Empresas não têm vontade própria, mas sim as pessoas a compõem.2- Apenas para fazer um contraponto: "Qualquer passo em direção ao auto-conhecimento é uma má notícia", frase proferida por Antonio Abujamra, ator, diretor e crítico de teatro, apresentador do programa "Provocações", TV Cultura em 23/11/2003.

*Antonio Sorbara Jr., engenheiro de Produção pela UFSCar - SP, e mestre em Administração de Empresas pela EAESP-FGV. Email: asorbara@gvmail.br

Planeje sua carreira com inteligência

Subestimar o planejamento, procrastinar sua elaboração e adiar sua implementação é programar o próprio fracasso

Por Gutemberg B. de Macêdo (http://vocesa.abril.uol.com.br)

"Ao preparar-me para as batalhas, sempre percebi que planos são inúteis, mas o planejamento é indispensável."
Dwight D. Eisenhower (1890-1969)

A imprevisibilidade da vida, a temporariedade da carreira, a impermanência de negócios e de tecnologias no mundo moderno exigem de todos os "players", sem distinção, rigoroso e meticuloso planejamento de curto, médio e longo prazo. Subestimar a importância do planejamento, procrastinar sua elaboração e adiar sua implementação, sob a justificativa de que se está à espera de tempos melhores ou mais convenientes, do fator sorte ou de qualquer outro álibi, é programar o próprio fracasso em todas as esferas da vida – pessoal, familiar, financeira e profissional.

No mundo das organizações parece inquestionável: raros, ou mesmo raríssimos, são os profissionais que investem tempo, energia, esforço, pensamento crítico e massa encefálica no planejamento de sua carreira. Em geral, os indivíduos se comportam como se as organizações tivessem a responsabilidade única e exclusiva pelo planejamento de carreira de seus colaboradores, como se o mundo lhes devesse qualquer obrigação. Nada mais enganoso e triste. Cada profissional é agente único e responsável pelo planejamento e gestão do próprio destino e, conseqüentemente, da própria carreira. O mandamento divino é claro: “Domine o homem sobre todas as coisas”. Portanto, procrastinar o planejamento da carreira pessoal e confiar sua gestão a terceiros, como temos repetido inúmeras vezes, em artigos anteriores, é viver sob a dependência de circunstâncias e acontecimentos e não administrá-las com sabedoria e eficácia.

Como especialista em Outplacement, Career Counseling e Coaching Executivo, tenho observado e constatado que noventa e sete por cento dos profissionais, empregados ou em transição de carreira, jamais leram um livro, um único livro sequer, sobre planejamento de carreira. Eles se conduzem como verdadeiros cegos, que se movimentam errantes por ruas e avenidas congestionadas, tateando como que sem rumo, em flagrante desvantagem perante os demais transeuntes. Apesar das limitações impostas pela natureza, estes têm sensibilidade aguçada para superar obstáculos e perseguir com determinação seus objetivos. Aqueles, apesar de privilegiados pelo dom da visão, parecem sofrer de cegueira interior ou, no mínimo, de miopia crônica que compromete o percurso da própria carreira. Cegos funcionais não têm um mapa que os oriente ao longo do caminho e, muito menos, as ferramentas essenciais de que necessitam para empreender uma viagem relativamente segura. Portanto, encontram-se totalmente despreparados e vulneráveis a adversidades e ameaças ao longo de sua mais importante expedição de vida – a carreira.

Não raro, fico perplexo diante de tamanha ignorância e da irresponsabilidade com que tratam a vida e, principalmente, a própria carreira. Tal comportamento é paradoxal e inaceitável, visto que esses mesmos profissionais gastam grande parte do tempo planejando as atividades do departamento que gerenciam ou do negócio que administram. Afinal, o que é mais importante, a vida e a carreira ou o negócio em si? A resposta é óbvia: só pode ser a vida e a carreira.

Sabemos por experiência, observação e estudo que não existem negócios bem-sucedidos sem profissionais bem-sucedidos, negócios estáveis, sem homens de mentes e comportamentos estáveis, negócios e carreiras duradouros sem planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo. Quando indagados sobre como planejaram ou planejam o curso de sua carreira, como escolheram a profissão, qual o futuro de sua atividade profissional, que planos alternativos têm diante da ameaça de possível pane ao longo do vôo, de que maneira estão se preparando para o amanhã, quais as mais importantes ameaças a seu futuro profissional, quais os livros mais importantes que leram sobre o assunto, que pessoas os influenciaram ao longo do caminho, quantas vezes procuraram, por iniciativa própria, um consultor de carreira, a fim de obter orientação, que metodologia usam, a fim de aferir o progresso de sua carreira, entre tantas e tantas outras perguntas relevantes, as respostas obtidas são quase sempre decepcionantes, vazias e desprovidas de conteúdo convincente.

Essas perguntas soam-lhes como ameaças, não como oportunidade para reflexão e estabelecimento de uma linha consistente de ação. A maioria, portanto, considera preferível ignorá-las ou arremessá-las a um lugar distante. Em curto prazo, trata-se de uma saída, aparentemente, menos dolorosa. Em médio e longo prazos, as conseqüências poderão ser extremamente danosas. Não custa enfatizar: pouco importa quão talentoso e habilidoso seja o profissional – homem ou mulher –, nenhuma corporação, instituto, fundação ou qualquer outra entidade vai prepará-lo para alcançar o sucesso pessoal e profissional. Cada qual tem de percorrer todas as etapas de vida e carreira por si mesmo. Você tem de assumir a responsabilidade pelo planejamento e gerenciamento de sua carreira. Essa é uma jornada solitária: somente você pode vivenciá-la, encurtá-la ou expandi-la, a despeito do ambiente onde a empreende.

A sociedade e as organizações modernas são por demais complexas e imprevisíveis para que profissionais releguem a terceiro ou quinto plano seu planejamento de vida e carreira. No meu trabalho, tenho acompanhado com tristeza, o pôr-do-sol prematuro de centenas e centenas de profissionais, simplesmente, porque pensaram que o planejamento é algo apenas para ser feito pelas empresas e não por eles mesmos. Se o sucesso de um empreendimento é extremamente difícil, a despeito de meticuloso planejamento, imagine não fazê-lo.

Monday, February 06, 2006

Planeje sempre sua carreira.

Engana-se aquele que não acha necessário planejar sua carreira. Se cada um de nós não dedicar um tempo a essa atividade, ninguém irá fazer isso pela gente.